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Seminário no MP destaca importância do olhar sobre a família da pessoa com deficiência
Mães e pais de adolescentes com deficiência trocaram experiências sobre a educação dos seus filhos durante a segunda edição do seminário ‘Olhar para a Família’, que marcou hoje, dia 20, a ‘Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla 2019’, no Ministério Público estadual. Realizado pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), em parceria com o MP, o evento teve o objetivo de promover reflexões e diálogos sobre os desafios atuais enfrentados pelas famílias junto aos seus filhos no processo de inclusão. A promotora de Justiça Cínthia Guanaes, do Grupo Especial de Defesa da Educação (Geduc), destacou que essa aproximação com as famílias é fundamental para a promoção de políticas públicas eficientes na área de educação. “Já trabalhamos na garantia da educação. Mas, para além disso, é preciso acolher as famílias, que precisam entender o processo para participar de forma mais efetiva”, afirmou.
Na abertura do encontro, Luciana Freitas relatou as dificuldades que enfrentou para conseguir incluir seu filho Jefferson na educação regular. “Muitos me desestimularam, dizendo até que meu filho era burro. Hoje vejo com orgulho o resultado da nossa luta”, comemorou ela, que viu seu filho conquistar um troféu em Ilhéus durante um festival de arte. “Todos os pais devem seguir em frente. É só lutar que conseguimos”, concluiu, destacando que o apoio da Apae foi decisivo para que Jefferson desenvolvesse suas potencialidades. O psiquiatra Ivan de Souza Araújo, diretor clínico do Pronto Atendimento Psiquiátrico do Município de Salvador, falou sobre os desafios enfrentados pelos pais no processo de criação dos seus filhos com deficiência. Ele destacou as dificuldades financeiras enfrentadas pelas famílias, que muitas vezes precisam abrir mão de atividades remuneradas para dedicar mais tempo aos filhos. Outro problema apontado pelo psiquiatra foi a dificuldade de inserção desses jovens em atividades fora da escola. “É preciso otimizar as potencialidades e minimizar as dificuldades, assegurando uma vida digna a esses jovens e também aos seus pais”, concluiu.
O promotor de Justiça Carlos Martheo falou sobre o direito à saúde como peça fundamental na engrenagem da inclusão, destacando as garantias da Lei Brasileira de Inclusão, em vigor desde 2016. O promotor frisou que o acesso à Saúde não pode ser tratado como um favor, mas sim como um direito fundamental. “Entender isso é parte do nosso exercício de cidadania”, afirmou o promotor de Justiça, destacando que os maiores desafios estão nos serviços de reabilitação. “A pessoa com deficiência precisa frequentemente de fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, dentre outros profissionais, enfrentando muitas vezes dificuldade para acessar esses atendimentos”. Martheo afirmou que há um número reduzido de serviços e a solução para os pais está na mediação do MP no sentido de articular as políticas públicas para ampliar essa rede, sobretudo no âmbito dos municípios. Itana Lima, coordenadora pedagógica da Apae em Salvador declarou sua satisfação com a segunda edição do evento. “Aqui, as famílias recebem orientações sobre a inclusão escolar, trocam experiências e socializam suas práticas do dia a dia”, frisou ela.
Fotos: Rodrigo Tagliaro (Rodtag)