Uma conferência que abordou o efeito da revolução tecnológica que vivemos sobre as pessoas encerrou hoje, dia 17, a programação da ‘Semana do MP 2021 – O Ministério Público em construção: realizações e perspectivas’, iniciada na terça-feira, dia 14. O tema foi apresentado aos integrantes do MP pelo psiquiatra, doutor em Psicanálise e em Medicina, Jorge Forbes, que discorreu sobre ideias e modelos verticalizados que construíam o laço social, contrapondo-os com características da atual horizontalidade. Um importante momento de reflexão, assinalou a procuradora-geral de Justiça Norma Cavalcanti, ressaltando que o MP é uma instituição em permanente construção e atenta às mudanças sociais. Ela aproveitou a oportunidade para agradecer a todos os integrantes da Instituição pelo empenho durante esses dois últimos anos e compartilhou a certeza de que, em 2022, o MP baiano avançará ainda mais.

Ao se referir à afirmação do palestrante sobre a importância da amizade na pós-modernidade, a PGJ lembrou que essa é uma das características da sua liderança. “Enquanto líder, valorizo muito as amizades, gosto de ouvir e ampliar o número de colaboradores”, disse ela, convocando “me ajudem a manter o MP forte e a proteger a sociedade”. Norma Cavalcanti destacou ainda que os desafios da Instituição são imensos, mas que não há como recuar. “Temos que avançar pensando no próximo, com sentido de pertencimento à Instituição e entusiasmo de servir cada vez melhor à sociedade, ao povo da Bahia”, frisou. Esse privilegiar do sentimento da amizade foi destacado por Jorge Forbes como uma das maiores características da época horizontal em que vivemos. “Antigamente, as pessoas faziam questão de dissociar a amizade das indicações porque isso era algo mal visto. Hoje em dia, a amizade é o grande afeto. Você indica destacando as qualidades profissionais, mas finaliza dizendo que fulano é seu amigo. Isso apenas faz com que se responsabilize junto com a sua indicação”, explicou ele. 

Para o psicanalista, os brasileiros estão ensinando ao mundo a importante relação da razão com o afeto, “o que hoje em dia é um grande valor”. Ele acredita que essa é apenas uma das novidades da época horizontal, que está se iniciando. “Estamos convulsionando, passando por um tsunami, nos últimos 30 anos. Tudo mudou!”, afirmou Forbes, lembrando que “não nascemos, não somos adolescentes, nem amamos ou morremos da mesma forma e que isso, de alguma forma, deixa os indivíduos desorientados e tem causado muita depressão”. Todos sabem que tudo mudou, mas qual o alicerce fundamental dessa mudança, questionou ele? A resposta foi que, do seu ponto de vista, a arquitetura do laço social que era vertical (quando o mundo tem um padrão e a gente se mede a partir desses padrões) mudou para a horizontal. “Estamos sofrendo porque não estamos acostumados a trabalhar horizontalmente”, alertou o palestrante. Ele registrou que a mudança nessa forma de viver é radical. “Mudamos do planeta Terra 1 para o Terra 2. Eles são iguais geograficamente, mas totalmente distintos na forma de viver. Como permanecemos na mesma geografia, ficamos dando velhas soluções para problemas pessoas e institucionais novos”, concluiu, afirmando que é preciso mudar, sair de um mundo padronizado para o mundo múltiplo, em que não existem certezas quanto ao futuro ou nada que se faça. 

O palestrante falou ainda sobre a pergunta mais comum em tempos de pandemia: “Como será o novo normal”?. Para ele, o novo normal não existirá porque o normal é genérico. Forbes acredita que o maior legado dos tempos pandêmicos é o fato do ser humano entender que ele se equilibra com o intangível. Diversas outras considerações foram feitas pelo palestrante. O encerramento do evento teve também a participação do promotor de Justiça Tiago Quadros, coordenador do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf). Ele agradeceu a todos os integrantes do Centro pela realização do trabalho e de todas as atividades desenvolvidas durante o ano, além da presença de todos que participaram presencialmente ou via on-line da Semana do MP.

* Fotos: Humberto Filho