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Combate ao racismo: A união faz a força
Combate ao racismo:
A união faz a força
“Lamentavelmente, a sociedade brasileira é estruturada num modelo racista, uma conduta repudiável em todos os sentidos, que precisa de muita luta para ser extirpada”. Esta foi uma das ressalvas feitas pelo coordenador da Promotoria de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, promotor de Justiça Almiro Sena, na manhã de hoje, dia 27, na abertura do seminário 'Racismo, Consumo e Violência', promovido pelo Ministério Público estadual e pelo Instituto Pedra de Raio – Justiça Cidadã. Demonstrando sua satisfação pela realização do evento, Almiro Sena destacou que a iniciativa fortalece a luta do MP e dos movimentos sociais contra o racismo, constituindo-se em “um exemplo salutar de que a união faz a força”.
Na mesa de abertura do seminário, ocorrido no auditório do MP, o presidente do Instituto Pedra de Raio, Sérgio São Bernardo, frisou que, “agora, estamos juntos para pensar, definir e caracterizar o racismo e trabalhar para enfrentá-lo”. Compuseram também a mesa o delegado-chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo da Silva; a superintendente da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade, Vanda Sá Barreto; o secretário Municipal da Reparação, Sandro Correia; o coordenador do Coletivo de Entidades Negras, Marcos Rezende; a presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil/Seção Bahia, Eunice Martins Gomes; a presidente da Associação das Donas de Casa e Consumidores da Bahia, Selma Magnavita; e o representante da Associação Bahiana de Imprensa, Nelson José de Carvalho.
Em seguida, foi realizada a mesa redonda 'Segurança Pública, Racismo, Consumo e Violência', com mediação do coordenador do Coletivo das Entidades Negras, que destacou que o MP “é parceiro em todas as discussões referentes ao racismo, a instituição que faz valer nossos direitos”. Almiro Sena afirmou que o racismo é praticado de forma camuflada, e que, na maioria dos casos, delegados, promotores e juízes consideram-no “como algo de menor importância”. Ele revelou que, atendendo à Resolução para o Brasil do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, vai recomendar a inserção do estudo do direito e da formação multiétnico racial da sociedade brasileira como disciplina obrigatória nos cursos de graduação e pós-graduação de Direito e nos cursos de formação de juízes, delegados, promotores de Justiça e oficiais da Polícia.
O delegado-chefe da Polícia Civil salientou que a sociedade brasileira é complexa e que nenhum setor está isento da prática do racismo. Joselito Bispo reconheceu que há falhas da Polícia na condução dos casos de racismo e discriminação, mas que a instituição “é pressionada a atuar, a buscar a verdade de qualquer modo e às vezes da forma mais brutal”. Exemplificando, ele disse que, nos casos de furto, os primeiros suspeitos são sempre o porteiro e a empregada doméstica, e que é preciso modificar este olhar, pois “se a sociedade continuar se conduzindo apenas pela questão da raça e da etnia, não será possível fazer nada. O delegado-chefe ressaltou ainda que a Polícia precisa ser mais valorizada e respeitada porque, assim, poderá trabalhar melhor.
A superintendente da Secretaria de Promoção da Igualdade elencou avanços no enfrentamento do racismo, frisando que a luta está saindo do plano das relações interpessoais para as relações nas instituições; há a ampliação dos campos de luta contra o racismo, a exemplo do racismo ambiental e nas relações de consumo, bem como o fortalecimento da luta anti-racismo, com a participação dos segmentos sociais em diversos eventos políticos e sociais. “O problema não acabou, mas já há uma mudança na correlação de forças no sentido de extirpar o racismo da sociedade brasileira, afirmou Vanda Barreto.À tarde, houve a mesa redonda 'Consumo, Violência e Sociedade Multiétnica, com participação da defensora pública-geral, Teresa Cristina Ferreira; o coordenador da instituição Atitude Quilombola, Walter Altino, e o presidente do Pedra de Raio, Sérgio São Bernardo.