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Prevenção e monitoramento evitam contágio descontrolado por Covid em Instituições de Longa Permanência para Idosos
O monitoramento e o trabalho preventivo, com adoção de precauções sanitárias e medidas de distanciamento social, em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) evitaram contágio descontrolado e alto índice de mortes entre a população mais velha institucionalizada na Bahia. Em universo de pouco de mais de 5,1 mil idosos em 199 ILPIs mapeadas no estado, foram registradas até hoje, dia 29, 115 óbitos, sendo 70 deles em Salvador, onde há quase dois mil idosos residentes em instituições. No entanto, o momento ainda não permite uma flexibilização generalizada das normas de higienização, proteção sanitária de distanciamento, a exemplo da retomada automática das visitas de parentes. Segundo a terapeuta ocupacional Helena Patáro, integrante da Comissão Estadual Intersetorial de Monitoramento de ILPI, desde o início da gradual reabertura das atividades econômicas nos municípios baianos, o número de óbitos que havia estabilizado em 90 mortes saltou para 115, um aumento de 27,7%.
As informações, o alerta e a avaliação do cenário sobre a situação das ILPIs, além das perspectivas da sociabilidade e saúde dos idosos, foram apresentadas e discutidas durante o webinário ‘Direitos Humanos em Pauta: Atenção à Pessoa Idosa em Tempos de Pandemia’, realizado na tarde de hoje em comemoração ao Dia Internacional do Idoso, celebrado em 1º de outubro. Organizado pelo Ministério Público estadual, por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos (Caodh) e Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), o evento contou com as palestras da médica geriatra Karla Giacomin, coordenadora-geral da Frente Nacional de Fortalecimento às ILPIs, e da terapeuta ocupacional Helena Patáro. A apresentação e mediação do encontro foram realizadas pelos promotores de Justiça Edvaldo Vivas, coordenador do Caodh; Fernando Lins, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Defesa dos Direitos dos Idosos e das Pessoas com Deficiência (Geidef); e Tiago Quadros, coordenador do Ceaf. O encerramento contou com apresentação do coral MP em Canto. O evento foi transmitido para mais de 30 ILPIs.
Consultora da Organização Mundial de Saúde para Políticas Públicas e Envelhecimento, Karla Giacomin abordou as facetas do distanciamento social para os idosos. Ela destacou que a preocupação da Frente, logo quando foi criada no início da pandemia, era evitar a mesma tragédia que abateu a população idosa em países da Europa, como a Itália. “A Frente foi criada para evitar que, como na Europa, a grande parte das mortes por Covid se desse nas ILPIS”, afirmou. Por isso, uma das medidas recomendadas foi a suspensão das visitas de parentes, estudantes e voluntários nas ILPIs. “Mas se tem um preço a pagar por não liberar as visitas: perda física e cognitiva”, disse. Ela elencou outras consequências decorrentes do distanciamento, como a angústia dos familiares e sobrecarga dos cuidadores. Diante do cenário, segundo a médica, a Frente criou a cartilha ‘Orientações para manejo de visitas em tempos de pandemia’, cujo objetivo é “subsidiar as ILPI quanto à construção de plano de ação e de protocolos internos imprescindíveis para a discussão de possível retorno gradativo das visitas, quando autorizado e/ou nas situações que justifiquem visitas excepcionais às pessoas idosas residentes”. Para Giacomin, “não é momento de baixar a guarda e todo cuidado é pouco”.
A opinião é compartilhada por Helena Patáro, especialista em gerontologia. Ela destacou que na Bahia e no Brasil em geral não há um “diagnóstico atualizado das ILPis, pois não existe registro atualizado no Cadastro Geral do Sistema Único de Assistência Social”. Sobre as visitas, ela afirmou que o Comitê considera ser “precoce autorizar de forma generalizada as visitas, inclusive dada as condições das instituições, sem plano de contingência específico, sem insumos e espaço adequado”. Patáro informou que o órgão tem apoiado as ILPIs para elaborarem seus planos de contingência e cada caso deve ser analisado para a retomada das visitas.
No encerramento, o promotor Edvaldo Vivas pontuou que o MP vem trabalhando com o diálogo interinstitucional, estabelecendo parcerias com as ILPIs e os Municípios, fiscalizando a situação da rede de proteção, principalmente durante esse período de pandemia.
Fotos: Humberto Filho / Cecom-Imprensa