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Mais de duas mil pessoas vivem nas ruas de Salvador
Mais de duas mil pessoas
vivem nas ruas de Salvador
Finalizando o primeiro semestre de efetivação de um trabalho de resgate da cidadania da população em situação de rua de Salvador, o programa ‘Salvador Cidadania’, desenvolvido pela Secretaria Municipal do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão (Setad), em parceria com o Ministério Público estadual e a Fundação José Silveira, apresentou na manhã de hoje, dia 15, um censo que permitirá ao Município melhor conhecer as particularidades do fenômeno na capital baiana, bem como traçar um perfil dos moradores de rua. De acordo com a pesquisa, 2.076 pessoas dormem nas ruas de Salvador atualmente, sendo que a maioria deixou suas casas por conta da fragilização extrema dos vínculos familiares.
Dos 2.076 moradores de rua, apenas 66 não aceitaram participar da pesquisa que indica também que 89,6% dessa população é originária da própria cidade de Salvador ou de municípios da Região Metropolitana. A pesquisa, realizada entre os dias 6 e 30 de outubro último, em 11 áreas da cidade, conclui que o fenômeno resulta da incidência de diversos fatores sobre um mesmo indivíduo. Apesar de apresentar o rompimento dos laços familiares como maior causa da caminhada às ruas, indica que a perda do trabalho, o consumo de álcool e drogas e a perda da moradia também são fatores que motivam a incidência do fenômeno. Dos 2010 recenseados, informa o censo, 285 declararam já ter passado por abrigos institucionais, 148 já estiveram internados em hospital psiquiátrico e outros 148 moradores de rua já passaram pela casa de detenção. Essa população, segundo dados do trabalho realizado pela Fundação José Silveira e Setad, vive em áreas da cidade caracterizadas pela concentração do comércio e de outras atividades produtivas e pela maior circulação de pessoas e veículos.
Composta majoritariamente por homens (79,8%), a população em situação de rua de Salvador tem, conforme a equipe técnica da pesquisa, sua condição de vulnerabilidade agravada pela falta de documentos básicos, indispensáveis para atos civis e ao exercício da cidadania política, como a carteira de identidade, certidão de nascimento e título de eleitor. Essa população, lamentou a socióloga Ângela Borges, “apesar da visibilidade social, ainda é invisível para as estatísticas”. Mas felizmente agora, comemorou o secretário da Setad Antônio Brito, o Município está instrumentalizado para traçar políticas públicas adequadas à melhoria do problema. De acordo com ele, o 'Salvador Cidadania' já retirou muitas pessoas das ruas, das quais 146 retornaram aos seus municípios de origem, 25 adultos foram alfabetizados, 16 foram capacitadas e inseridas no mercado informal de trabalho e tantas outras conquistas foram alcançadas. O projeto que ainda não completou seis meses de implementação, destacou o procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto, “é exitoso e está de parabéns”. Dizendo-se impressionado com a evolução do programa, o chefe do Ministério Público estadual ressaltou a importância da pesquisa que certamente contribuirá para a construção de mecanismos de retirada e acolhimento dos moradores de rua e para a diminuição dos índices de violência na cidade.
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