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Comunidade legal discute corrupção no Bairro da Paz
Comunidade legal discute corrupção no Bairro da Paz
Aos 74 anos de idade, 27 dos quais vividos no Bairro da Paz, dona Dolores da Conceição Ramos está convencida de que a corrupção é um problema de todos. “Se os políticos roubam, as autoridades aceitam suborno, isso acontece porque nós nos calamos ou nem prestamos mais atenção. Não podemos esquecer que somos vítimas, mas, quando ficamos calados, também contribuímos com a corrupção”. A ideia, expressada pela aposentada durante a audiência pública realizada na manhã de hoje (15) no Bairro da Paz, em Salvador, coincide com a proposta de conscientização do programa 'O que você tem a ver com a Corrupção', apresentado pela promotora de Justiça Heliete Viana como parte das ações do 'Comunidade Legal'. O encontro, realizado no Espaço Avançar, foi promovido pelo Centro de Apoio Operacional de Segurança Pública e Defesa Social (Ceosp) em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa (Gepam) com o objetivo de promover uma reflexão e uma mudança de atitude.
As pequenas ações do dia-a-dia foram destacadas pela promotora de Justiça como fundamentais para alterar o que ela definiu como “cultura da corrupção”. Usando um conceito da filósofa Hannah Arendt, Heliete Viana destacou que a ética é representada por nossas ações diárias. “Somos o que fazemos a partir da nossa própria vivência e dos exemplos que nos rodeiam”, frisou Heliete, ressaltando que a postura de “conformismo” adotada por alguns contribui para a “banalização do mal”. Ao aceitar pequenos atos de corrupçao, “como comprar lugar na fila ou aceitar benefícios como seguro desemprego, mesmo já tendo voltado a trabalhar, sem se dar conta, o cidadão está legitimando a corrupção de uma forma geral”, destacou a promotora de Justiça .
Heliete Viana apontou ainda “atitudes que estão ao alcance de todos” e podem ser adotadas com o objetivo de combater a corrupção. A principal delas, ressaltou a promotora de Justiça, é o voto responsável, que, segundo ela, “vai muito além de simplesmente escolher em quem votar”. “É preciso cobrar de quem está no poder. Ele é seu representante e tem a obrigação de atender aos pleitos do eleitor e prestar contas de suas ações”. Por fim, a promotora do Gepam deixou como sugestão que todos refletissem sobre o seu papel enquanto agentes de transformação. “O que nós fazemos tem um poder multiplicador que justifica o estímulo às novas gerações”, concluiu Heliete Viana.
Fotos: Humberto Filho/Cecom-MPBA
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