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Pesquisadora defende adoção de políticas integradas para reduzir violência contra a mulher
Pesquisadora defende adoção de políticas integradas
para reduzir violência contra a mulher
A Lei Maria da Penha é considerada um avanço, mas existe uma necessidade de serem pensadas políticas integradas para reduzir os índices de violência contra a mulher no entender da pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco, Ana Paula Portella. Ela foi a palestrante da manhã de hoje, dia 28, do seminário que foi iniciado ontem pelo Ministério Público estadual tendo por tema “O compromisso e atitude com a Lei Maria da Penha.” Na oportunidade, a pesquisadora elogiou a iniciativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que divulgou ontem, 27, o resultado de uma pesquisa onde, entre outras informações, consta que 65% dos entrevistados disseram concordar com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas.”
Segundo ela, esta primeira pesquisa feita por um órgão oficial sobre o controvertido assunto precisa ser realizada com regularidade como faz o IBGE com o censo. O resultado deixa claro o pensamento conservador dos brasileiros, mas não traz surpresas. Sendo feita com regularidade, será mais fácil para aqueles que já atuam na defesa das mulheres verificarem se estão no caminho certo e se as mudanças pleiteadas estão se verificando. Em sua palestra, a pesquisadora tratou sobre esse tipo de violência sob uma perspectiva sociológica tentando compreender no contexto do Brasil de hoje a perspectiva construída pelo movimento feminista que, no seu entender, tem se renovado, estando a sociedade mais participativa e reivindicativa.
A violência contra as mulheres no Brasil é considerada mais grave que em outros países segundo Ana Portela, pois não se resume a violência doméstica, existindo aqui contextos distintos de violência principalmente em comunidades periféricas onde a mulher sempre está envolvida sofrendo com a insegurança das cidades, a falta de infraestrutura urbana que as expõem a toda sorte de violência nas ruas sem iluminação e transporte, nas escolas, participando de perto de conflitos de grupos ligados ao crime. Além disso, prossegue a pesquisadora, a mulher sofre com desrespeito nas ruas, assédio no transporte público, citando inclusive festas como o Carnaval onde as mulheres são beijadas e atacadas.
Ana Portela defende que a cidade seja segura para as mulheres, que sejam garantidas escolas e creches para seus filhos, que elas tenham acesso a transporte seguro, que não tenham que viver em ruas sem movimento, segregadas, daí a urgência em se pensar na adoção de políticas públicas mais efetivas de maneira integrada. Esse tipo de seminário vem sendo realizado pelo Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher (Gedem), do MP, coordenado pela promotora de Justiça Márcia Teixeira que inclui algumas cidades do interior na programação.
A abertura foi feita ontem no Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf). Márcia Teixeira entende que é da maior importância ter contado com a presença de representantes de apoiadores da iniciativa como o Governo do Estado por meio das secretarias de Segurança Pública e de Políticas para as Mulheres, do Tribunal de Justiça, Defensoria Pública e parlamentares. Essas instituições, explica Márcia, têm buscado trabalhar em conjunto para refletir como funcionar em rede para que a mulher seja acolhida antes de sofrer a violência e, sobretudo, depois do fato. O seminário já aconteceu em Candeias, no dia 10 de abril acontecerá em Vitória da Conquista, e os próximos estão marcados para municípios como Porto Seguro, Alagoinhas e Itabuna. Além disso, algumas solicitações têm chegado para que aconteça em locais como Seabra e Salinas entre outros, onde palestrantes com representatividade nacional com experiência em gênero, feminismo e Lei Maria da Penha estarão presentes. O seminário será encerrado amanhã, sábado pela manhã, com exposição de Eunice Kalil, do Observatório de Violências e Acidentes.
Fotos: Ceaf
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