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Combate à transmissão de dengue e esquistossomose é tema de reunião no MP
O panorama do cenário epidemiológico da Bahia e as ações tomadas para enfrentar a transmissão de doenças foram os temas da II Reunião do Fórum de Vigilância Epidemiológica, que aconteceu ontem (17) na sede do Ministério Público estadual no CAB. Promovido pelo Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (Cesau), o evento reuniu membros do MP com médicos, gestores municipais, pesquisadores em saúde, vigilantes sanitários e outros profissionais da área de saúde para discutir o combate a patologias como a esquistossomose e a dengue. Para o promotor de Justiça e coordenador do Cesau, Rogério Queiroz, a segunda reunião do Fórum confirma o propósito do grupo de “debater com representantes da academia, gestores e órgãos de controle e construir soluções para a situação da vigilância epidemiológica no país”.
Doença transmitida por caramujos contaminados pelo verme Schistosoma manson, a esquistossomose foi uma das questões debatidas no evento. Segundo a coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Controle de Doenças Transmitidas por Vetores e outras Antropozoonoses (Codtv) na Secretaria de Saúde estadual, Marta Lima, são em locais como rios ou lagos que a doença é transmitida. Quando adentra o corpo humano, o verme pode causar infecção no fígado, no intestino e em outros órgãos. Devido a sua forma de transmissão, a coordenadora salienta que é necessário tratar a doença de diversas maneiras. “Além de dar o medicamento, é preciso trabalhar com políticas para a população e intervir de forma conjunta, com saneamento básico, educação em saúde e diagnóstico precoce, por exemplo, para que não haja reincidência de casos”, afirmou.
Além disso, ela frisou que os municípios devem buscar ativamente prevenir os casos de esquistossomose em sua população. Mas, das 289 cidades baianas consideradas endêmicas ou focais da doença, apenas 86 realizaram buscas ativas em 2018 – uma queda em relação ao número de 2004, quando 147 municípios buscaram ativamente por casos. A dificuldade de vigiar, prevenir e controlar o número de doentes, porém, não acontece apenas com a esquistossomose. É um problema presente também no tratamento das chamadas arboviroses, como afirmou o também coordenador da Codtv, Gabriel Muricy Cunha. As arboviroses são doenças causadas por vírus transmitidos por insetos e aracnídeos, como a dengue, o Zika vírus, a Chikungunya e a febre amarela. Segundo o coordenador, a vigilância destas patologias é cada vez mais desafiadora, já que elas têm relação com climas quentes e locais sem saneamento básico, o que as torna mais frequentes na população mais pobre. “A estratégia apenas química, de ‘guerra ao mosquito’, está fadada ao insucesso. É necessário controlar outros fatores, como o tratamento de esgoto, a organização urbana, a mudança climática e o combate à pobreza também”, explicou.
No caso da dengue, arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, os números refletem a proporção do problema na Bahia: em 2019, já existem 47.557 casos notificados de dengue em 357 cidades baianas. Feira de Santana, Salvador, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras lideram os números, com 11.315 casos reportados apenas na primeira cidade. O promotor Rogério Queiroz demonstrou preocupação com a situação epidemiológica no estado: “a impressão é que nos últimos vinte anos nós estamos perdendo a batalha ”. Como forma de colaborar para a diminuição do problema, o MP recomendará aos municípios baianos que não desmobilizem suas equipes de vigilância sanitária, especialmente nos meses de férias coletivas dos servidores de saúde. “No final do ano, muitos prefeitos e secretários de saúde demitem ou dão férias coletivas às equipes. Isso termina por inviabilizar o funcionamento das estratégias para diminuir esses transmissores, justamente no momento que mais precisa. Então nos meses seguintes temos um nível de infestação do mosquito muito alto, o que desencadeia os números de casos de dengue que estamos vendo”, lamentou.
*sob supervisão de Maiama Cardoso MTb/BA- 2335
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