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Escolha do perfil é um dos desafios da adoção no Brasil
Os desafios da adoção de crianças e adolescentes no país que tem mais de 35 mil pretendentes habilitados e quase 4.550 meninos e meninas aguardando para serem acolhidos por uma família foram destacados na tarde de hoje, dia 29, no ‘II Seminário do Direito à Convivência Familiar e Comunitária’, promovido pelo Ministério Público estadual. Durante o evento, a coordenadora do Centro de Apoio da Criança e do Adolescente (Caoca), promotora de Justiça Ana Emanuela Rossi, reapresentou a campanha ‘O amor não tem tamanho’, que visa incentivar a adoção de crianças acima de seis anos de idade e de adolescentes com problemas de saúde, deficiência ou grupos de irmãos que se encontram em instituições de acolhimento e foram afastadas da sua família natural para a sua proteção.
A promotora de Justiça lembrou que a restauração dos vínculos e dos laços familiares é o principal objetivo de toda a rede de proteção. "Todas a expressões de cuidados alternativos têm como princípios a transitoriedade e a temporariedade, a fim de que se possa buscar a almejada reintegração na família de origem”, destacou ela, explicando que, quando isso se torna impossível, a criança e o adolescente está preparada pra ser inserida na família substituta e, então, surge a importância da adoção. Ana Emanuela destacou que, entretanto, o que acontece é que, em geral, os adotantes restringem a idade dos pretensos adotados aos primeiros ano de vida, o que diminui bastante as chances de crianças com mais de quatro anos de serem adotadas. "Crianças e adolescentes com deficiência encontram dificuldades ainda maiores no processo de adoção”, lamentou ela, frisando que, por isso, "merecem especial atenção”.
A campanha do MP tem o apoio do Tribunal de Justiça, por meio da Comissão da Infância e da Juventude, e da Defensoria Pública do Estado. Ela pretende demonstrar que o amor não tem tamanho, raça, etnia, cor, credo ou qualquer outra forma de discriminação, podendo ser vivenciado na adoção de meninos e meninas de qualquer idade, raça, etnia ou condição de saúde. Informações sobre como fazer o pré-cadastro, documentos e requisitos, estágio de convivência, entre outras dúvidas podem ser verificadas no site https://oamornaotemtamanho.mpba.mp.br. Para a presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), JussaraMarra, a idade é um dos desafios da adoção. "Tanto é que o número de pretendentes habilitados é imensamente maior. Só que eles buscam um perfil muito específico”, disse ela.
Jussara Marra apontou ainda como desafio o fato da romantização que existe em torno do tema e que, apara ela, só prejudica o processo de adoção, "que é cheio de problemas a serem enfrentados por pessoas que chegam despreparadas, achando que vão viver como no comercial de margarina”. A vida real não é assim, alertou ela, reforçando que é preciso preparar profundamente cada família para que acolham e contribuam com o desenvolvimento dos meninos e meninas e não os façam sofrer com a revitimização. A presidente da Angaad assinalou que a devolução de crianças adotadas tem sido um problema recorrente. Coordenadora da mesa, a promotora de Justiça Márcia Sandes ressaltou a importância do trabalho desenvolvido pelos grupos de apoio e enfatizou que colocar a criança no centro do atendimento e dos cuidados é o mais importante. Ela acredita que é preciso haver uma aproximação entre o Sistema de Justiça e os grupos de adoção. Coordenador da Comissão da Infância e Juventude do TJ, o desembargador Salomão Reseda também integrou a mesa, compartilhou sua experiência enquanto juiz e pai adotante, e pontuou que, com tantos pretendentes habilitados, não faz sentido ter tantas crianças aguardando pela adoção.
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