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Feira Sustentável Biosertão: Produtores rurais destacam agregação de valor na venda de produtos
Pasta de amendoim, geleias de frutas, pão de batata-doce, sequilho sem lactose são alguns dos produtos vendidos por Maria do Carmo, produtora rural e integrante do Movimento de Mulheres do Campo no município de Teofilândia. Até o ano de 2018, seus produtos, que fazem parte da agricultura familiar, eram vendidos apenas para vizinhos do bairro. Hoje, ela afirma que, com a merenda promovida pelo Programa Escola Sustentável do MP, tornou-se fornecedora pela Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE). A sua pasta de amendoim tem uma boa aceitação no mercado, inclusive em cidades vizinhas, e o seu ganho mensal praticamente dobrou. "Participamos de oficinas de capacitação e aprendemos a utilizar outros alimentos que também são nutritivos e tornam o custo da mercadoria mais barato e igualmente saboroso”, disse Maria ao participar da Feira Sustentável Biosertão, que aconteceu de terça-feira, dia 20, até hoje, dia 23, nos municípios de Serrinha, Biritinga, Teofilândia e Barrocas.
O evento reuniu mais de 5 mil pessoas e integra o Programa Escola Sutentável, iniciativa estratégica do MPBA para fomentar o programa suplementar de alimentação escolar, visando à progressiva adoção de alimentação preventiva de doenças, primordialmente à base de vegetais, para fins de atendimento a todos os requisitos do Programa Nacional da Alimentação Escolar, inclusive a sustentabilidade. A Biosertão pretende também conectar a sociedade, professores e alunos para refletirem sobre a alimentação como um instrumento que promove a saúde humana, planetária e que desenvolve socioeconomicamente o pequeno empreendedor rural. “Antes eu não tinha nenhuma renda, era muito difícil. Hoje, só com as hortaliças que planto no meu quintal eu ganho R$ 80,00 por mês”, disse a produtora Míriam Souza Santos. O mesmo aconteceu com Valdir Ferreira, que conseguiu agregar valor ao seu produto e somente este ano, por meio do grupo de produção Cáritas Diocesanas, já forneceu à Secretaria de Educação mais de 200 kg de pasta de amendoim. “Antes, a gente só vendia os geladinhos”, disse ele.
O Programa
Segundo a promotora de Justiça Letícia Baird, a ideia do Programa surgiu após serem constatados significativos registros de alteração do estado nutricional e de saúde dos alunos da rede pública municipal, que antes consumiam um cardápio constituído por itens processados e refinados como salsichas, sardinhas, linguiça, biscoitos, entre outros. O cardápio foi replanejado pelas nutricionistas dos municípios com assistência de médicos, nutricionistas e técnicos voluntários do programa, alinhados com os ‘Objetivos do Desenvolvimento Sustentável’, propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ainda de acordo com ela, “os únicos alimentos obrigatórios por lei são frutas e hortaliças”. De acordo com a nutricionista Camila Almeida, “as proteínas de origem animal só contribuem com 15% das nossas necessidades de energia” ao passo que alimentos de origem vegetal proporcionam maior aporte energético com menor impacto ambiental. Outras duas principais vertentes da iniciativa são a racionalização de recursos ambientais e dos recursos públicos financeiros destinados à alimentação escolar. “Os cardápios à base de vegetais oneram menos os cofres públicos. Os prefeitos, inclusive, assumiram o compromisso de reverterem o valor economizado em mais uma refeição nas escolas e ou incrementarem a variedade dos itens oferecidos aos alunos”, salientou Pollyana Falconery, promotora de Justiça.
A secretária de Educação de Teofilândia, Adriana Oliveira, entende que a nova forma de pensar a alimentação dos estudantes possibilita alavancar a produção por parte das famílias e oferece produtos nutritivos e de qualidade para elas. “Percebemos, principalmente nas crianças menores, a aceitação de todos os produtos naturais e estamos muito felizes com isso”. Durante a Feira Sustentável Biosertão também aconteceram a premiação para minis chefs e merendeiras escolares que fizeram a melhor receita com ingredientes sustentáveis e da região; palestras com nutricionistas sobre a importância da alimentação saudável; exposição de filmes sobre sistemas de produção alimentar, entre outras atividades lúdicas e educativas. O Programa Escola Sustentável conta com a parceria da Humane Society International, entidade sem fins lucrativos que coopera tecnicamente na capacitação das cozinheiras escolares.
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