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Alunos do subúrbio têm lição sobre bullying e violência escolar
Alunos do subúrbio têm lição
sobre bullying e violência escolar
Uma lição não só para levar para casa, mas para a vida. Estudantes do Colégio Estadual João Caribé, em São Tomé de Paripe, no subúrbio de Salvador, tiveram hoje, dia 14, a oportunidade de discutir algo que não está nos livros didáticos, mas que vem invadindo as salas de aula e comprometendo o aprendizado: a violência escolar. No lugar dos professores, promotores de Justiça com atuação na área da Infância e Juventude mediaram o debate sobre o assunto, apresentando aos jovens de 11 a 17 anos uma nova palavra, “bullying”, utilizada para expressar algo que não é novidade para ninguém: as atitudes de violência física ou psicológica, intencionais e repetidas, praticadas por um estudante ou por um grupo deles com o objetivo de intimidar ou agredir outro estudante. Essa agressão pode ser identificada, por exemplo, em um apelido maldoso, uma ameaça, na exclusão de um colega, na prática de estragar os pertences do outro, atitudes essas que, muitas vezes, são tidas como “brincadeira”, mas que não são.
De acordo com a promotora de Justiça Edna Sara, o projeto que está sendo iniciado pelo Ministério Público baiano em 36 escolas do subúrbio, e que deve estender-se para outras escolas estaduais e municipais de Salvador, foi motivado pelo aumento do número de atos infracionais cometidos no ambiente escolar, e tem como principal objetivo fazer com que a escola volte a ser um ambiente tranquilo. “Os estudantes não podem temer vir para a escola”, acrescentou a coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Infância e Juventude (Caopjij), procuradora de Justiça Lícia de Oliveira. Segundo ela, o MP, ao iniciar um trabalho de combate à evasão escolar, identificou que uma das suas causas são as agressões e humilhações vivenciadas por alguns estudantes.
Foi o que aconteceu com o jovem R., de 13 anos, estudante do Colégio Estadual João Caribé, onde estudam cerca de 560 alunos. De acordo com o vice-diretor da escola, Mário Sérgio Aragão, a mãe do rapaz esteve ontem na escola para denunciar que seu filho não quer mais assistir as aulas em razão dos apelidos e humilhações que vem sofrendo de colegas. “Muitas vezes as agressões não ocorrem propriamente na escola, mas na comunidade, no trajeto que o aluno faz até chegar aqui. Mas, quando identificamos situações assim, procuramos conversar com os envolvidos e com seus pais”, informa o vice-diretor. No Colégio Estadual João Caribé, assim como em outros estabelecimentos de ensino públicos e também particulares, a prática de bullying está estampada até nas paredes, em frases ofensivas de colegas contra os outros.
Para conhecer as atitudes dos agressores, vítimas e testemunhas, o Ministério Público aplicou um questionário com 25 perguntas para os estudantes responderem sigilosa e voluntariamente. Após isso, eles assistiram um vídeo educativo sobre o bullying produzido pelo MP, e debateram o tema com os promotores de Justiça e professores. Participaram do trabalho, realizado nos turnos matutino e vespertino, uma equipe técnica de servidores do Ministério Público, a procuradora de Justiça Lícia de Oliveira e os promotores de Justiça Edna Sara Cerqueira, Márcia Guedes, Maria Eugênia Abreu e Evandro de Jesus.
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